De Garoto a Lenda: Como Diana Ross e Berry Gordy moldaram Michael Jackson
Em julho de 1968, cinco irmãos de Gary, Indiana, conhecidos como Jackson 5, atravessariam as portas da Motown para um teste que mudaria a música para sempre. Berry Gordy, fundador da gravadora, já comandava um império de talentos — The Supremes, The Temptations, Smokey Robinson and the Miracles, e o prodígio Stevie Wonder. Cada um deles, polido e lapidado, personificava a excelência negra em uma América ainda profundamente segregada.
Na Motown, sucesso não era obra do acaso. O lendário Departamento de Desenvolvimento de Artistas era responsável por moldar mais do que vozes — eles criavam ícones. Etiqueta refinada, elegância pessoal e moda impecável eram tão fundamentais quanto um bom refrão. Esse trabalho paciente transformava jovens talentos em astros que conquistavam não só o público negro, mas também as multidões brancas que dominavam o mercado. Diana Ross, a joia da coroa da Motown, era o exemplo perfeito dessa alquimia.

Berry Gordy sabia que havia algo especial naquele menino franzino de olhos enormes e voz angelical. Não se tratava apenas de talento: era uma centelha, uma luz que parecia destinada a incendiar o mundo. P
ara lapidar essa joia rara, Gordy tomou uma decisão ousada — levou o pequeno Michael para morar com Diana Ross, em sua elegante casa em Beverly Hills. Ali, cercado pelo glamour e pela disciplina, o menino teria um vislumbre do que significava viver como uma verdadeira estrela.
Ross, com sua autoridade suave e sua experiência em enfrentar multidões e câmeras, se tornou mentora e modelo para Michael. Entendia que o sucesso não se resumia a boas performances; era um estado de espírito. Em uma conversa que ele jamais esqueceria, Diana olhou fundo nos olhos do menino e disse: “Aonde quer que você vá de agora em diante, as pessoas vão estar te observando.” Era uma lição sobre a responsabilidade invisível que acompanha a grandeza.

Naquela casa de sonhos em Beverly Hills, Michael não apenas aprendeu a se portar; ele absorveu o próprio conceito de estrelato. Cada movimento, cada gesto, cada sorriso — tudo era ensinado e observado com a precisão de quem sabia que estava moldando um futuro rei. Diana Ross não apenas ofereceu abrigo; ela ofereceu ao mundo o início da transformação de um menino em mito.
A estreia do Jackson 5 na Motown foi cuidadosamente orquestrada. Não seria apenas mais um lançamento — seria um acontecimento. Gordy, mestre em narrativas, sabia que o mundo precisava enxergar aqueles jovens não apenas como mais um grupo musical, mas como um fenômeno. E assim foi: do momento em que o primeiro single tocou nas rádios, ficou claro que algo extraordinário havia sido revelado.
O que começou naquele teste em 1968, embalado por sonhos e talento bruto, se expandiria para moldar décadas de cultura pop. Michael Jackson, ainda criança, aprendeu com a Motown que ser observado era inevitável — e que ser inesquecível era uma arte. Sob o olhar atento de Berry Gordy e Diana Ross, ele deu seus primeiros passos rumo à eternidade.
Hoje, ao lembrar dessa jornada, compreendemos que o sucesso dos Jackson 5 e o nascimento de Michael como estrela não foram apenas frutos de seu talento inato, mas também da visão e da estrutura que a Motown oferecia. Em um mundo que ainda relutava em aceitar o brilho negro, eles não apenas entraram — eles reescreveram as regras.