Entre Costuras e Coreografias: A Moda e Michael Jackson

Entre Costuras e Coreografias: A Moda e Michael Jackson

Quando Michael Jackson subia ao palco, o mundo parava. Mas, para que esse momento mágico acontecesse com precisão absoluta, existia um exército invisível que orquestrava os bastidores com a mesma intensidade com que ele dançava. Um dos nomes mais fundamentais nesse espetáculo era o de Michael Bush — seu estilista pessoal por décadas — responsável por traduzir a genialidade do Rei do Pop em tecidos, brilhos e zíperes.

O que poucos sabem é que cada traje de Michael era projetado como se fosse parte de uma coreografia. Nada era aleatório. As lantejoulas, por exemplo, não eram apenas um efeito visual. Elas eram meticulosamente distribuídas de maneira idêntica nos dois lados do corpo. O motivo? O giro. Jackson girava com tanta fúria e precisão que uma simples diferença de peso entre as mangas poderia comprometer a execução do movimento. E para Michael, um giro imperfeito era o mesmo que falhar diante do mundo. Inaceitável.

A obsessão pela simetria era apenas uma das exigências. Nos bastidores da Dangerous Tour, Bush teve que aprender a se tornar uma sombra — presente, mas invisível. Durante as rápidas trocas de roupa, ele entrava em cena no escuro total. Enquanto o público via luzes, explosões e música, ele estava ajoelhado no chão, trocando peças com a mesma velocidade e cuidado de um relojoeiro. Um erro de segundos podia comprometer todo o timing de um show milimetricamente cronometrado.

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Para garantir agilidade e fluidez, a equipe passou a incorporar zíperes de apenas três centímetros em trajes que pareciam mágicos ao olho nu. Esses pequenos detalhes faziam com que a roupa se abrisse com um único gesto, como uma cortina revelando o espetáculo. Michael se encantou tanto com essa solução que mandou costurar zíperes até mesmo em suas roupas casuais. A perfeição, afinal, não era exclusividade dos palcos.

Mais do que estilista, Bush era parte do corpo de Michael. Sabia onde o tecido devia ceder, onde o brilho deveria explodir e até mesmo como o som do traje se comportaria diante dos microfones. Ele não criava roupas; ele criava armaduras para um artista que duelava com os próprios limites. E fazia tudo isso muitas vezes sem que ninguém percebesse.

O que essas histórias revelam não é apenas o capricho de um ícone, mas a construção meticulosa de uma lenda. O mito de Michael Jackson foi sustentado não só por sua voz ou dança, mas também pelo silêncio técnico de cada bastidor. Cada botão, cada fecho, cada linha costurada dizia algo sobre seu compromisso inabalável com a perfeição estética e performática.

Por trás da figura iluminada no palco, havia uma escuridão cuidadosamente coreografada. Enquanto milhões o assistiam extasiados, alguém no escuro sabia exatamente onde sua manga terminava, onde seu zíper começava e onde a mágica precisava acontecer. Vestir Michael Jackson era, em si, uma forma de arte performática.

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E é por isso que o legado de Michael continua a brilhar — não apenas nas memórias, nos álbuns ou nos vídeos, mas também nos relatos sutis como os de Bush. Porque quando a arte é levada ao extremo da perfeição, até as lantejoulas contam uma história. E essa história é feita de luz, suor, silêncio e uma dose impressionante de genialidade invisível.

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1 comentário

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Jose eduardo cotrin santinin

Sou fã dele pela atenção e o respeito a umidade e o carinho que expressava no seu modo de ser único cantor ator músico dançarino com todo brilho que exalava no palco e nas aparições fora dele 💟☮️🛐

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