Era 1997 quando o mundo ainda engolia em seco a morte da Princesa Diana — o rosto mais humano da realeza britânica, perseguida até o último segundo por flashes e pneus cantando no asfalto de Paris. Michael Jackson, também vítima dessa obsessão midiática, sentiu a perda como um golpe pessoal. Eles eram amigos. Confidentes de um mundo que transformava pessoas em alvos. E foi nesse luto que ele encontrou a centelha de “Privacy”, uma canção que sangra indignação, tristeza e um aviso gritante.
Assim como em Dangerous e HIStory, o álbum Invincible carrega sua cota de denúncia. “Privacy” não é apenas mais uma faixa — é uma acusação cravada em ritmo. Com versos como “Alguns de vocês ainda se perguntam por que, um dos meus amigos teve que morrer”, Michael expõe sem anestesia o que muitos não ousavam dizer: a indústria do escândalo mata. A música se ergue como um memorial moderno à princesa, e uma resposta visceral a décadas de perseguição que ele próprio suportou.
Jackson não apenas compôs a base da música; ele se envolveu profundamente na produção, entregando-a à equipe de Rodney Jerkins com uma clareza brutal de propósito. Bernard Belle e Teddy Riley, já veteranos na crítica social em forma de groove, abraçaram a missão. O resultado? Uma faixa sombria, pulsante, onde o som carrega tensão e cada batida ecoa como uma câmera estourando.
Em “Privacy”, Michael Jackson não apenas canta — ele denuncia, lamenta, acusa. A canção é um grito encapsulado, um protesto feito sinfonia. E acima de tudo, é um lamento por Diana e por todos que sucumbiram à lente cruel de um mundo que esqueceu onde termina o interesse público e onde começa a dignidade humana.
A morte da princesa Diana foi tão inesperada e impactante quanto a do Michael . Ambos pagaram por serem pessoas humanas, no sentido literal da palavra. Lady Di nunca se valeu da familia real britânica, ao contrário, ela era maior que a mesma, com suas obras filantrópicas ao redor do mundo. Michael Jackson, da mesma forma usou seu talento, fama e popularidade em prol de um mundo igual e justo com os povos. Com a trágica morte de Diana, Michael se identificou, se viu naquela covardia dos veículos de comunicação, parecia que ele já sabia que também seria uma vítima fatal. O mundo chorou o funeral da princesa em 1997 ao som de ” Candle in the wind”, de Elton John, assim como o funeral do Michael em 2009, no Staples Center, com amigos cantando suas musicas. Historias muito parecidas. Quem viu sabe.