Michael Jackson e Rick Baker: A alquimia por trás de Thriller

Para os fãs de maquiagem de efeitos especiais, Rick Baker não é apenas uma referência — ele é a própria definição de excelência, um alquimista que transformou rostos em pesadelos, e ilusões em realidades palpáveis. Seus dedos moldaram o medo com tamanha precisão que não era mais possível distinguir o que era pele e o que era prótese. Ele não pintava monstros, ele os criava. E fez isso mais de 70 vezes nas telas do cinema.

Sete Oscars repousam sobre seu nome como coroas em uma trajetória que é quase mitológica. Em um mundo onde poucos maquiadores sequer têm reconhecimento, Baker cravou seu nome na Calçada da Fama de Hollywood — uma raridade que, por si só, já contaria uma história. Mas Rick vai além. Ele é o artista que deu forma ao terror, à ficção, à transformação absoluta. Ele é o escultor das almas que não existem.

Se Hollywood já o reverenciava, o mundo o conheceria de vez quando, em 1983, uma revolução dançante vestida de horror estreava nas televisões do planeta: Thriller, de Michael Jackson.

Mas mesmo gênios podem se frustrar. Anos depois, Baker viu a própria arte ser diluída por um novo modo de fazer cinema — mais veloz, mais barato, mais digital. Para alguém que esculpia cada detalhe à mão, que pintava cada veia com o cuidado de um Michelangelo contemporâneo, o império do CGI representava um golpe. Hollywood já não era o santuário da arte minuciosa; era a fábrica da pressa.

Desencantado com essa nova lógica de produção, o mestre dos monstros decidiu se retirar. Hoje, Rick Baker vive como uma lenda viva.

Seus monstros seguem assustando, emocionando, dançando no inconsciente coletivo de gerações. E talvez, no fundo, essa seja sua vingança mais bela: provar que mesmo num mundo digitalizado, ainda há espaço para a alma artesanal da criação. Porque, enquanto houver memória, haverá espanto. E enquanto houver espanto, o nome Rick Baker seguirá vivo — entre sombras, luzes e aplausos.