Michael Jackson e a Arte no videoclipe 'Scream' | Michael Jackson e a ARTE no clipe SCREAM MJ Beats

Michael Jackson e a Arte no videoclipe ‘Scream’

Quando se trata de Michael Jackson e seu trabalho artístico, tanto o visual quanto o auditivo, sempre podemos aprender mais do que os olhos podem captar.

Sendo um perfeccionista com sua arte, você pode ter certeza de que Michael não deixou nada aparecer aleatoriamente em seus vídeos. Talvez haja elementos que precisem ser analisados e estudados não só por curiosidade, mas também para que possamos entender mais profundamente a mensagem que ele desejava transmitir. É assim que percebemos que os detalhes em suas produções não estão ali apenas para preencher espaço – são parte essencial de um discurso maior, um grito silencioso por meio da estética e da simbologia.

No videoclipe Scream (1995), lançado em meio a ataques implacáveis da mídia, Michael se une à irmã Janet Jackson e cria uma obra-prima visual carregada de protesto. Em um cenário futurista e branco – símbolo de isolamento e pureza –, os irmãos se expressam através da dança, da raiva e da arte. Mas há muito mais além da coreografia impecável: há quadros, símbolos e referências sutis a grandes artistas como Andy Warhol, Jackson Pollock e René Magritte.

E, quando observamos de perto, percebemos que essas escolhas dizem tanto quanto a letra da música.

Warhol: a fama que consome

A presença simbólica de Andy Warhol no contexto visual de Scream também carrega peso. Warhol transformou rostos em mercadorias e alertou sobre os perigos da fama descartável. Michael viveu isso na pele. Foi endeusado, devorado, vilipendiado – tudo em nome da mesma fama que Warhol tanto retratou com tintas vibrantes e ironia amarga.

Em Scream, essa referência pode ser lida como um aviso: a fama é um espelho distorcido, onde a imagem muitas vezes substitui a pessoa.

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Pollock: a fúria transformada em movimento

Também presente em Scream, uma obra de Jackson Pollock – mestre do expressionismo abstrato – surge rapidamente. Pollock não pintava quadros, ele os vivia: respirava caos, movimento, desordem emocional.

Sua técnica de dripping se alinha perfeitamente com o estado de espírito que Michael expressa no clipe: uma energia crua, explosiva, que se liberta em forma de dança e resistência. Não é coincidência. É arte dialogando com arte.

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Magritte: o rosto oculto e a identidade perdida

Em um dos momentos do vídeo, aparece The Son of Man (O Filho do Homem), a icônica pintura de René Magritte, onde um homem tem o rosto coberto por uma maçã verde. Magritte disse que “tudo o que vemos esconde outra coisa”. E esse conceito está no cerne do que Michael enfrentava: ser visto, julgado e interpretado sem que sua verdadeira identidade fosse de fato conhecida. É como se o quadro refletisse a invisibilidade da essência humana diante da curiosidade superficial do público e da mídia.

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Nada é por acaso

Michael Jackson não era apenas um artista – era um visionário. Ao incluir essas referências no clipe de Scream, ele constrói uma galeria audiovisual que reflete sua dor, sua luta e sua inteligência criativa. Cada obra inserida é um código, um sinal, uma extensão daquilo que não podia ser dito em palavras.

No fim, Scream não é apenas um grito de revolta – é um grito de arte. E, como tudo que vem de Michael, é um convite para enxergar além do óbvio, para sentir o que está por trás do som, da imagem, do silêncio… e da fúria contida.