De Lobisomens a Lendas: A História de Thriller | MJ Beats
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De Lobisomens a Lendas: A História de Thriller

por Erielle Sudario, Collider News

Michael Jackson lançou muitas músicas ao longo de sua carreira. Mas se há uma canção que se destaca, essa é “Thriller”, lançada em 1982. Ninguém imaginava que ela se tornaria um ícone capaz de atravessar décadas. Desde o lançamento, a faixa alcançou o primeiro lugar em vários países, ganhou certificação de platina e deu nome ao sexto álbum de estúdio do cantor. Porém, mais do que um sucesso momentâneo, “Thriller” se transformou em um fenômeno cultural, transcendendo o tempo e evoluindo de uma faixa funk para algo eterno.

Thriller e o “Pânico Satânico”

Durante os anos 1980, surgiu um movimento conhecido como “Pânico Satânico”, uma histeria coletiva que alimentava teorias conspiratórias sobre a presença de ocultismo e adoração ao diabo em obras da cultura pop — chegando até a associar tais conteúdos a abusos infantis. Jogos como Dungeons & Dragons chegaram a ser vistos com desconfiança, algo retratado anos depois na série Stranger Things, da Netflix.

Esse contexto é importante porque Michael Jackson foi duramente criticado pelos Testemunhas de Jeová antes do lançamento do videoclipe de “Thriller”. Segundo a Vanity Fair, a igreja ameaçou excomungá-lo, alegando que o clipe — especialmente a cena em que Jackson se transforma em lobisomem — estava “promovendo a demonologia”. O cantor ficou tão abalado que cogitou destruir o vídeo. Em vez disso, optou por incluir um aviso inicial esclarecendo que “a produção não endossa qualquer crença no ocultismo”.

Hoje, o videoclipe acumula mais de 1 bilhão de visualizações no YouTube. É celebrado pela coreografia marcante, pela narrativa cinematográfica e pela ousadia criativa que conquistou o público, tornando-se um marco não apenas na carreira de Jackson, mas também um contraponto involuntário à moral e ao fanatismo religioso da época.

Thriller e os momentos virais

Mesmo décadas após o lançamento, “Thriller” continua protagonizando momentos virais, tanto na internet quanto na mídia tradicional. Em 2007, um vídeo gravado na Cebu Provincial Detention and Rehabilitation Center, nas Filipinas, viralizou ao mostrar centenas de detentos dançando a coreografia de Jackson com impressionante sincronização. O vídeo — hoje com mais de 59 milhões de visualizações — foi elogiado pela energia e precisão dos participantes, provando o alcance universal da música do Rei do Pop.

O sucesso do vídeo chegou até a televisão americana: a série “Glee” recriou a cena no episódio The Sue Sylvester Shuffle (2ª temporada), com um mashup entre “Thriller” e “Heads Will Roll”. A performance gerou mais de 26 milhões de streams no Spotify e atraiu 26,8 milhões de espectadores nos Estados Unidos, tornando-se, segundo a The Hollywood Reporter, a transmissão de série roteirizada mais assistida em três anos.

Thriller e a nova geração

Desde então, “Thriller” tem inspirado artistas ao redor do mundo, sendo sampleada e reinterpretada inúmeras vezes. Um dos nomes mais notáveis é The Weeknd, que sempre reconheceu a influência de Jackson em sua carreira. Seu álbum Hurry Up Tomorrow, com a faixa “Wake Me Up” (em parceria com Justice), traz amostras da sonoridade dos anos 80, e o disco Dawn FM (2022) também contém referências diretas a “Thriller”, como apontou MusicRadar. Para produtores como Timbaland, o impacto da obra de Jackson é visível nas escolhas estéticas e sonoras do cantor canadense, provando que o legado do Rei do Pop continua moldando novas gerações.

Quatro décadas de um legado imortal

Quarenta anos após seu lançamento, “Thriller” permanece firme no coração da cultura pop. Quebrou barreiras nos videoclipes, enfrentou preconceitos religiosos, inspirou tendências, e segue influenciando o som de artistas contemporâneos. Seu poder duradouro não vem apenas de um refrão contagiante ou de um ritmo inconfundível, mas da capacidade de se reinventar e permanecer atemporal.

Seja na primeira ou na centésima vez em que se ouve, “Thriller” ainda provoca o mesmo arrepio elétrico e irresistível que convida o corpo a dançar — um lembrete de que essa música não é apenas um sucesso, mas um legado que desafia o tempo.