Alvo Permanente: Por Que a Indústria Tenta Destruir o Homem que Não Pôde Controlar? | MJ Beats
Michael Jackson protesta contra a Sony em 2002.

Alvo Permanente: Por Que a Indústria Tenta Destruir o Homem que Não Pôde Controlar?

A tentativa sistemática de desmantelar o legado de Michael Jackson não foi um subproduto do acaso ou de preocupações morais genuínas; foi uma resposta corporativa e estrutural à sua soberania sem precedentes. Michael não apenas quebrou recordes; ele subverteu a hierarquia de propriedade e poder que define a indústria fonográfica.

A Insubordinação Econômica: O Catálogo ATV

O pecado original de Jackson, aos olhos do establishment, ocorreu em 1985, quando ele adquiriu a ATV Music Publishing por US$ 47,5 milhões. Ao garantir os direitos de publicação da maior parte do catálogo dos Beatles, Jackson deixou de ser apenas a “mercadoria” mais valiosa da indústria para se tornar o “dono” do patrimônio cultural de seus pares brancos.

Essa manobra transformou um artista negro no epicentro financeiro do mundo editorial musical. A indústria, historicamente desenhada para que artistas negros produzissem conteúdo enquanto executivos brancos retinham a propriedade, nunca perdoou essa inversão de papéis. Jackson possuía o que eles cobiçavam, e sua recusa em vender esses ativos o tornou um alvo permanente.

O Confronto Direto com o Sistema

A postura de Jackson diante da Sony Music e de seu então CEO, Tommy Mottola, em 2002, foi um marco de resistência intelectual e política. Ao rotular publicamente Mottola como “racista” e “diabólico”, Jackson não estava apenas reclamando de marketing insuficiente para o álbum Invincible; ele estava expondo o mecanismo de exploração de artistas negros dentro das grandes gravadoras.

Essa coragem de nomear o sistema gerou uma retaliação imediata. É um fato histórico que, após ele desafiar a estrutura de poder da Sony, a narrativa midiática em torno de sua vida pessoal intensificou-se de forma desproporcional, utilizando o sensacionalismo como uma ferramenta de controle de danos corporativos.


O Fracasso da “Cultura do Cancelamento” em Números

Apesar de décadas de ataques coordenados, a realidade estatística de 2024 e 2025 demonstra que o impacto técnico e cultural de Jackson é indestrutível:

  • Soberania nas Paradas: Michael tornou-se o primeiro artista a registrar hits no Top 10 da Billboard em seis décadas consecutivas.
  • Domínio no Streaming: Com mais de 50 milhões de ouvintes mensais no Spotify e bilhões de visualizações anuais, ele supera artistas contemporâneos que possuem todo o suporte da máquina de marketing atual.
  • Valor de Mercado: Em 2024, a Sony fechou um acordo histórico para adquirir metade do catálogo de Jackson por aproximadamente US$ 600 milhões, avaliando o ativo total em mais de US$ 1,2 bilhão. A mesma indústria que tentou isolá-lo agora admite, através de capital, que sua obra é o investimento mais seguro do entretenimento.

A Genialidade como Ameaça

O esforço para destruir seu legado falha porque ignora a profundidade de sua arte revolucionária e de seus valores de reinvenção constante. O que a indústria tentou apagar foi a imagem de um homem negro que possuía a si mesmo, que detinha os meios de produção e que falava diretamente com uma comunidade global de fãs que o vê como um ponto de união.

Michael Jackson não foi perseguido por suas falhas, mas por sua independência. Ele provou que um artista pode ser maior que a instituição que tenta contê-lo. A verdade, fundamentada em fatos e não em ruídos, é que o Rei do Pop não precisa de defesa; ele é, por si só, o argumento final.

Por Isaque Souza, da MJ Culture