A relação entre Rick James e Michael Jackson era mais próxima (e mais curiosa0 do que o público imaginava. Nos bastidores da música americana, os dois artistas desenvolveram uma convivência cheia de conselhos, tensões e episódios que, até hoje, revelam muito sobre o período de transformação que antecedeu Thriller.
Tudo começou quando Michael ficou claramente frustrado por não vencer o prêmio de Gravação do Ano (por Off the Wall) no Grammy. Rick James, sem filtros, disse ao amigo que ele precisava mudar o próprio som, criar um estilo totalmente seu se quisesse alcançar o topo. O comentário não apenas ficou na memória de Michael, como se tornaria uma semente importante no processo que mudaria a história da música.
Quando iniciou as primeiras ideias do que viria a ser Thriller, Michael levou Rick James para Los Angeles. Mas ali surgiu o primeiro conflito. Para Rick, a melhor forma de “acender a criatividade” era ficando chapado. Ele acreditava que a liberdade química estimulava a genialidade, uma visão que Michael rejeitava completamente.
A situação ficou ainda mais estranha quando relatos da época, como o do traficante Unique Mecca Audio, afirmavam ter visto Michael no Studio 54 no fim dos anos 70. Por isso, Rick insistiu que o novo álbum deveria ser criado “no mesmo clima”. Michael respondeu diretamente: droga nenhuma entraria no processo. Ele sabia que isso prejudicaria sua voz e colocaria tudo a perder.
Como Rick não desistia, Michael tomou uma decisão típica de sua personalidade reservada: não enfrentou, não discutiu. Apenas disse no estúdio que precisava “dar uma saída”. Na verdade, foi direto ao aeroporto e pegou um avião, encerrando ali aquela convivência improvável.
Rick James, porém, queria mais do que influenciar o álbum. Ele chegou a dizer que sonhava em casar com LaToya Jackson, o que Joseph Jackson rejeitou na hora: “NUNCA!”. A porta para entrar na família estava definitivamente fechada.
Mesmo com as diferenças e comportamentos inconciliáveis, Michael reteve o que realmente importava: o conselho de Rick para renovar seu som. Em Thriller, ele fez exatamente isso e o resultado veio em forma de números históricos. E há uma curiosidade que reforça essa influência: muitos fãs apontam que, ao ouvir “Thriller” e depois “Give It to Me Baby”, de Rick James, é possível notar uma semelhança marcante na linha de baixo, uma inspiração sutil, porém evidente, que mostra como aquela provocação sobre “mudar o som” talvez tenha ecoado de maneira decisiva na mente do Rei do Pop




