Michael Jackson e Madonna nasceram no mesmo mês do mesmo ano. Os dois são considerados os reis do pop — se é que o gênero comporta duas majestades
Aos 13 anos de idade, enquanto Michael Jackson já estava nos palcos, Madonna Louise curtia sua adolescência. Desde a infância os dois já mostravam um visível talento para dança. A partir do momento em que se lançaram nos palcos, era impossível negar que ali estava seu futuro, seu habitat natural. E os dois se consagraram embalando as noitadas dos anos 80.
Mas a trajetória dos dois não foi nada parecida. Michael Jackson despontou para a fama com apenas seis anos. Aos nove, assinou seu primeiro contrato com uma gravadora de renome. Aos 11 apareceu na TV pela primeira vez e emplacou seu primeiro single, que chegou ao topo das paradas de sucesso americanas. O rigor com que o próprio pai mantinha a banda dos irmãos Jackson fez com que Michael não tivesse infância. Ele nunca conheceu o conceito de afetividade.
Madonna também não teve uma infância feliz. Perdeu a mãe aos cinco anos e não tinha uma boa convivência com a madrasta e mais sete irmãos. Saiu de casa assim que pôde e abandonou a faculdade para seguir seu sonho: dançar. Com uma imagem de rebelde Madonna deixou claro com o passar dos anos que a sabia conciliar bem a personalidade rebelde com a postura de uma mulher de negócios, sóbria na condução
Em seu quinto álbum solo, Off the Wall, Michael Jackson se firmou como sumidade da música pop. Ele deixou mais palatável a música negra americana — mais específicamente o funk e o soul — acrescentando a ela toques de rock, jazz e baladas pop. No fim, sua música não era feita para negros ou brancos: era universal. Sua inovações formais marcaram a batida dos anos 80 e ainda ecoam nos trabalhos de muitos DJs contemporâneos. E não foi só na sonoridade que ele se mostrou inigualável.
Sua forma de mexer o corpo, de andar de costas na lua, marcou o passo das pistas de dança.
Madonna não inovou muito na forma musical, mas sua atitude serviu de inspiração para todas as gerações de músicos pop até o dia de hoje. Não que sua música não tivesse qualidades. Ao contrário. Sempre orientada por grandes produtores, suas faixas são sucesso absoluto nas pistas. Além de dançantes e muito bem estruturadas formalmente, elas mostram a letrista sensível que Madonna é. Suas palavras refletem claramente os conflitos da mulher moderna. A dicotomia entre sexo e religião é a marca de sua obra. Ora fetichista, ora intimista, Madonna deixou claro que a mulher pode satisfazer suas mais loucas vontades e ainda assim progredir na vida profissional.
Uma característica comum aos dois artistas foi saber aproveitar o nascimento do videoclipe. Suas faixas fizeram ainda mais sucesso por causa da fusão entre música e imagem em grandes produções — como o arrebatador Thriller, de Jackson.
Michael Jackson inovou na fórmula, Madonna inovou nas letras e na atitude.
Ambos são absolutos na dança. Ambos, Rei e Rainha do pop.