Entrevista concedida a Andréa Luisa Bucchile Faggion por Wagner Soares e Jaime Verçosa;
Originalmente publicado na coluna “Amém”, Edcyhis (Setembro de 2002);
Republicação adaptada pela MJ Beats.
Andréa: Ao que tudo indica, Michael Jackson cansou de brincar de mocinho e bandido com a Sony e teremos um novo álbum a caminho.
O último, Invincible, foi lançado em meio a uma enorme expectativa — em parte alimentada pelo próprio Michael.
Mas houve certa decepção entre os fãs que esperavam um trabalho mais original.
A explicação corrente é que as músicas realmente inovadoras produzidas naquela fase não foram usadas em Invincible, e sim guardadas para o primeiro projeto de Michael fora da Sony — o que hoje parece praticamente certo.
Agora aguardamos esse novo projeto, e Michael volta ao seu discurso de sempre: “Vocês ainda não viram nada.”
Vocês, pessoalmente, ainda acreditam que ele possa lançar um álbum com o impacto de Dangerous, que o leve a um novo patamar criativo?
Ou acham que já foi criada toda a base, e que resta a ele apenas aprimorar seu próprio estilo — como, aliás, fez muito bem em Invincible?
Wagner: Bem, falar do Michael é sempre um tiro no escuro.
Acredito que ele possa, sim, voltar a revolucionar. Michael é surpreendente.
Basta ele querer — e temos um álbum incrível, como Dangerous, novamente.
Jaime: Como o próprio Michael já disse, a cada álbum ele escreve mais de 120 canções.
Acredito que ele possa usar algumas dessas composições em álbuns futuros.
Veja o caso de Come Together: gravada originalmente em 1988, só foi lançada mais tarde no álbum HIStory.
Recentemente tivemos acesso a verdadeiras pérolas que estavam guardadas, como Monkey Business e If You Don’t Love Me, que seriam para Dangerous.
Ele pode tanto lançar faixas desse “estoque”, quanto compor outras 100 novas canções.
Mas pelo tom de suas declarações, parece que ele já tem material sólido em mãos — e sabe muito bem o que está planejando.
Andréa: Um novo álbum sempre traz novos rumores e muita especulação.
Falou-se, por exemplo, em Irv Gotti, que teria se encontrado com Michael — como a Edcyhis noticiou — mas aparentemente não houve interesse.
Ainda se comenta sobre Quincy Jones, que estaria trabalhando no novo estúdio privado do Rei do Pop em Neverland.
Embora seja possível trabalhar com produtores variados, os dois nomes apontam para direções bastante diferentes.
Há quem prefira o Michael pré-Dangerous, e sonhe com um reencontro com Quincy, buscando reviver sua fase mais rica artisticamente — não apenas em termos comerciais.
Mas há também quem tema que ele volte ainda mais para as origens do que fez em Invincible.
Nesse sentido, alguém como Irv Gotti poderia atualizar o som de Michael — ou correr o risco de uma concessão à música genérica que domina as rádios americanas hoje.
Enfim: vocês gostariam de ver Michael em estúdio com Quincy Jones, revivendo essa parceria histórica?
Ou com produtores de hits instantâneos, como Irv Gotti ou Rodney Jerkins?
Ou, quem sabe, com alguém totalmente fora do mainstream — uma surpresa?
Wagner: Para ser sincero, não acredito que a magia de Michael tenha acabado — como muita gente insiste em dizer.
Mas acho que ele precisa de melhor direcionamento.
Talvez voltar a trabalhar com o maestro Quincy Jones fosse uma boa nesse momento.
Essa aposta excessiva no hip-hop acabou segmentando demais sua música.
Vimos isso claramente nas rádios americanas: foi justamente no segmento pop que Michael teve menos execução.
Quero ver Michael voltar a escrever letras e melodias como antigamente — e, desta vez, nos brindar com o retorno triunfal que todos esperamos.
Jaime: Como o próprio Michael disse:
“Ele (Quincy Jones) é muito profissional, muito talentoso, e é um visionário musical. Ele está por aí, como você sabe, há muito tempo.”
Acredito que, com toda sua experiência, Quincy é o nome ideal.
Ele conseguiria equilibrar a essência artística de Michael com as tendências atuais do mercado.
Com isso, um novo álbum poderia agradar tanto aos fãs mais antigos quanto aos novos públicos e especialistas de todo o mundo.
[*] Este texto foi adaptado para refletir os valores e diretrizes atuais, com o objetivo de preservar sua relevância e respeito ao público contemporâneo.




