Como se supera um fenômeno? Essa foi a pergunta que assombrou Michael Jackson após o estrondoso sucesso de Thriller. Com mais de 120 milhões de cópias vendidas e marcos inigualáveis na história da música, Thriller não era apenas um álbum; era um fenômeno cultural. Michael, no entanto, nunca competiu com outros artistas – competia consigo mesmo. Seu maior desafio era transcender os próprios limites, porque, verdade seja dita, nenhum outro artista chegava perto de sua grandeza em números ou impacto global.

Esse duelo interno tomou uma nova dimensão com Dangerous, lançado em 1991. O desafio desta vez era ainda mais complexo: superar não apenas o épico Thriller, mas também a mágica colaboração com Quincy Jones, que havia conduzido as produções impecáveis de Off the Wall, Thriller e Bad. Dangerous seria o primeiro álbum de Michael sem Quincy no comando.

Contudo, a ausência de Quincy não enfraqueceu Michael – apenas reforçou sua determinação de provar que sua genialidade artística transcendia qualquer parceria.

E Michael conseguiu. Em 14 faixas e nove singles, Dangerous estabeleceu um novo padrão para a música pop. Foi uma obra revolucionária que uniu o pop, o R&B e o new jack swing em uma mistura explosiva e inovadora.

Cada canção era um testemunho da liberdade criativa de Michael e de sua busca incansável pela perfeição. Mais do que um álbum, Dangerous foi uma declaração de independência artística, um marco que consolidou Michael como um mestre absoluto da música, mesmo sem Quincy ao seu lado.

Curiosamente, mesmo após concluir o álbum, Michael sentiu a necessidade de buscar a aprovação de seu antigo mentor. Ele levou o trabalho pronto para Quincy ouvir, em um gesto que demonstrava respeito e admiração. A resposta de Quincy foi direta e definitiva: “Uma obra-prima”. E ele estava certo. Dangerous vendeu mais de 50 milhões de cópias em todo o mundo, gerando hits como “Black or White”, “Remember the Time” e “Heal the World”, e redefiniu os limites do que um álbum pop poderia alcançar.

Além dos números impressionantes, Dangerous marcou a emancipação de Michael Jackson como artista e produtor. Ele não precisava mais de validações externas. Era dono de sua própria narrativa, de seu som, e de sua visão.

A obra não apenas superou expectativas; demonstrou que Michael era capaz de reinventar a música repetidas vezes, mantendo-se relevante e inovador em um cenário em constante mudança.

Em Dangerous, Michael Jackson não apenas superou seu próprio legado – ele redefiniu o que significava ser um artista completo. Deixou claro que a verdadeira genialidade não é apenas alcançar o topo, mas ter a coragem e o talento para reinventar-se, uma e outra vez, desafiando o impossível.

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