Quando Michael Jackson entrou no estúdio para discutir o figurino de sua performance de Come Together, para o filme Moonwalker, ele não entregou uma lista de exigências técnicas. Entregou uma ideia — ambígua, provocativa, poderosa. Disse a seu estilista de confiança, Michael Bush: “Faça com que seja eu, Bush, mas faça diferente.” E nesse pedido enigmático, estava a senha para um novo capítulo da identidade visual de um dos maiores artistas de todos os tempos.
Era o fim da era Bad, um tempo marcado por fivelas, emblemas metálicos, couro e rebeldia estilizada. A persona visual que Michael criara para si estava enraizada num código simbólico de força e desafio — uma linguagem inspirada em motoqueiros, policiais e gladiadores urbanos. Mas com Come Together, era hora de transcender o visual. Era hora de ir além. A equipe poderia reduzir os cintos, mas jamais poderia diminuir o impacto. A solução? Voltar ao cinturão — mas redefini-lo completamente.
Michael Bush e Dennis Tompkins mergulharam nesse desafio com o espírito de artesãos de um império perdido. Em vez das placas policiais que diziam “agente especial”, como na jaqueta de Bad, esculpiram cabeças de águia em prata. Um símbolo universal de liberdade, domínio e realeza — tudo o que Michael era, e mais. A peça se transformou num cinturão de campeão, pesado, com seis grandes placas, sete menores e um padrão alternado de folhas de acanto. Era o tipo de artefato que se poderia encontrar num templo antigo, não em um set de filmagem.

O cinto ganhava vida no centro da cintura fina de Michael — 28 polegadas — através de duas asas que se abriam como se estivessem prestes a alçar voo. Dennis moldou cada curva com maçarico, dobrando o metal ao corpo do artista como se fosse escultura viva. Acima da fivela, a palavra Bad, gravada em ouro 18 quilates, brilhava como selo de autenticidade. Não era apenas figurino. Era armadura. Era altar.
E então, veio o conjunto final. Uma camisa de seda amarela — sensual, radiante — contrastava com a jaqueta preta de motociclista, agora reinventada com zíper lateral. Era Michael, mas não o mesmo. Era familiar e, ainda assim, diferente. As calças, de couro moldado à maneira dos jeans Levi’s, com elásticos nas costuras, completavam a silhueta como uma segunda pele. Nos pés, botas Beatle de couro com ponteiras de metal. Uma sutil homenagem ao passado — e ao futuro.
Ali estava ele: não o Michael de Thriller, nem o de Bad, mas o novo, renascido em cada detalhe, em cada costura. O artista que queria ser ele mesmo, mas diferente. E conseguiu:
