A Verdade que Nunca foi Manchete: O Michael Jackson invisível à Mídia
Por trás das luzes ofuscantes do palco e da cortina de escândalos sensacionalistas, existia um homem comum, de alma rara e coração vasto. É isso que revela Dexter Simmons, engenheiro de mixagem por mais de três décadas ao lado do Rei do Pop. “Passei 32 anos com Michael… duas horas por dia, seis dias por semana”, disse ele em uma entrevista à CYInterview, revelando não apenas o artista, mas o ser humano que poucos viram.
Um homem doce, íntegro, que, segundo Simmons, jamais seria capaz de ferir uma criança. Um homem que, discretamente, ajudava quem mais precisava — com ações, e não palavras.
As confissões de Simmons desmontam as caricaturas midiáticas e reconstroem uma figura muito mais humana do que pop. “Michael tinha um coração de ouro”, ele afirma com serenidade, mencionando inúmeras ocasiões em que o astro apareceu com seu talão de cheques para socorrer famílias desesperadas, longe das câmeras, longe dos holofotes. “Ninguém sabe disso”, lamenta. A história de Michael, segundo quem conviveu com ele, foi apagada e reescrita por interesses alheios à verdade.
O engenheiro relembra um pai amoroso, comprometido com a criação dos filhos, mesmo contando com babás e guarda-costas. “Ele fazia leituras para as crianças. Michael considerava sua responsabilidade.” Essa imagem paternal e presente desconstrói o estigma fabricado pela cultura do escândalo. A ideia de um pai que viajava com os filhos, os educava e os protegia pessoalmente, torna-se um sutil grito contra as narrativas distorcidas que marcaram seus últimos anos.

Dexter também revela o perfeccionismo implacável que transformava sessões de gravação em verdadeiras maratonas criativas. Durante a produção de um álbum em Nova York, o estúdio ficou sem água, e todos foram para casa. Exceto Michael. “Alguém enviou água para o estúdio, e ele tomou banho ali mesmo, só para não parar de trabalhar.” Esse nível de entrega quase obsessiva revela a face de um artista que vivia para sua arte – e não para os prêmios ou fama.
Mas Michael não era só intensidade. Havia também leveza, riso e simplicidade. Simmons lembra de uma noite em que o cantor entrou sozinho em uma loja 24 horas para comprar água. O atendente o elogiou: “Você é o melhor imitador de Michael Jackson que já vi”. Michael riu descontroladamente. Enquanto o estúdio inteiro estava em pânico, ele ria como uma criança. A maior estrela do planeta se divertia com o anonimato momentâneo, em paz com sua essência.
Essas memórias lançam luz sobre um homem que foi mais mal interpretado do que compreendido. E talvez seja este o tributo mais necessário hoje: resgatar Michael não como mito, mas como ser humano. Não como ícone imaculado, mas como alma sensível, generosa e extraordinariamente dedicada ao amor e à arte.