Histeria, Humanidade e Música: A Noite em que Michael Jackson Entrou na Minha Loja

Histeria, Humanidade e Música: A Noite em que Michael Jackson Entrou na Minha Loja

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Era uma noite comum de primavera em Mônaco, mas nada me prepararia para o que estava por vir. O relógio marcava exatamente 21h quando um som incomum ecoou pela galeria do Centro Comercial de Fontvieille. Trabalhar na Nuggets Disc Store por quase oito anos me ensinou a reconhecer sons, ritmos… mas aquele barulho era diferente. Era o som do impossível tornando-se realidade. Quando me virei, ele estava lá: Michael Jackson em pessoa, cercado por guarda-costas, policiais e uma maré de fãs em êxtase.

Ele caminhava lentamente, quase como se flutuasse, envolto em uma aura de mistério e luz. Eu congelei por um instante — e então ele olhou nos meus olhos e perguntou: “Será que podemos ficar aqui um momento?” Sem hesitar, estendi a mão e respondi: “Sinta-se em casa, Michael.” Naquele momento, minha loja deixou de ser apenas um espaço de discos — ela se tornou um santuário, o epicentro de uma noite histórica.

Em minutos, a entrada da loja foi selada por um cordão de isolamento improvisado. E dentro desse pequeno espaço, o que vi foi puro encantamento. Michael sorria, sereno, permitindo que pequenos grupos se aproximassem para fotos. Fãs tremiam, gritavam, choravam. Alguns haviam vindo da Alemanha, Inglaterra, Escócia — todos guiados por uma devoção que desafiava fronteiras. Um garoto dançou na frente dele, outro lhe ofereceu uma máscara de Star Wars. E Michael? Ele sorria. Um sorriso verdadeiro, generoso.

Talvez por eu não ter entrado em colapso de emoção como os demais, ele percebeu algo em mim. Ficou perto, tranquilo. E foi aí que notei o broche do cantor Prince preso à minha camisa. Respirei fundo e ousei perguntar: “Michael, posso te fazer uma pergunta?” Ele respondeu com um gentil “Claro!”, como se fôssemos velhos conhecidos. “O que você acha sobre do Prince?” Ele não hesitou: “Prince? Talentoso. Muito talentoso…”

Foram palavras breves, mas profundas. Um reconhecimento entre gênios. E ali estava eu, entre os vinis, ao lado do maior artista pop da história, ouvindo suas impressões sobre outro ícone. Enquanto a loja fervia de emoção, Michael escolhia alguns CDs — James Brown, Miles Davis — como se buscasse nas raízes da música a inspiração que o consagrara.

Após uma hora de histeria poética, Michael preparou-se para partir. Antes de sair, virou-se novamente para mim, estendeu a mão e agradeceu. Não foi um gesto protocolar. Foi um agradecimento genuíno, silenciosamente carregado de humanidade. Naquele aperto de mão, ele transmitiu tudo o que as câmeras e manchetes jamais conseguiram capturar por completo: sua delicadeza, sua gratidão, sua alma.

Nos meses que se seguiram, a visita se tornou lenda. A loja nunca mais foi a mesma. Aquela noite virou nossa história de ouro, nosso bilhete de identidade emocional. E sempre que alguém entra e pergunta se “aquela história do Michael Jackson é mesmo verdade”, eu sorrio e respondo: “Sim. Ele veio. Ele ficou. E foi mágico.” Obrigado, Michael, por uma visita que se transformou em eternidade.”

Relato de Eric Paez


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