Na semana em que se completam 16 anos da morte de Michael Jackson, diversas matérias voltaram a repercutir os momentos finais da vida do artista. Uma delas, publicada pela CNN Brasil, destaca declarações de John Mason — advogado que afirma ter sido próximo de Michael — e que agora lança um livro com relatos inéditos sobre o cantor. O título do livro é Crazy Lucky: Remarkable Stories from Inside the World of Celebrity Icons.

Entre as alegações estão afirmações de que Michael Jackson teria morrido “esgotado e cheio de dívidas”, além de supostamente ter desmaiado durante ensaios da turnê This Is It, em 2009. As informações são atribuídas a conversas pessoais entre Mason e o artista.

Contudo, ao analisarmos os fatos, algumas perguntas importantes surgem:

Quem é John Mason?

John Mason é um advogado de entretenimento com longa trajetória profissional, tendo representado nomes como Roy Orbison, Olivia Newton-John e Brian Wilson. Segundo perfis recentes publicados pela imprensa americana, ele atuou em bastidores da indústria musical durante décadas, mas nunca havia sido citado publicamente como figura próxima a Michael Jackson nos momentos finais de sua vida.

Ele aparece em This Is It?

Não. Mason não aparece no documentário This Is It (2009), que acompanha os bastidores da turnê que Michael preparava para estrear em Londres. O filme registra semanas de ensaios com participação ativa de produtores, coreógrafos, músicos, dançarinos, médicos e técnicos. Nenhuma menção a John Mason é feita ao longo do material — nem nos créditos, nem nos relatos da equipe.

As alegações são novas?

Sim — e surgem justamente com o lançamento do livro, no início de junho de 2025. Ou seja, não são relatos contemporâneos aos acontecimentos de 2009, nem foram apresentados durante o julgamento do médico Conrad Murray, em 2011, quando muitos nomes ligados à rotina de Michael foram convocados como testemunhas.

O que dizem os registros da época?

• Michael de fato sofria com insônia e estava sob pressão pela realização dos 50 shows agendados na O2 Arena.
• Contudo, relatos da época e o próprio documentário This Is It mostram um artista envolvido criativamente e presente nas decisões do espetáculo.
• Nenhum membro da equipe reportou colapsos em palco ou desmaios durante os ensaios.
• A causa oficial da morte foi overdose de propofol, administrado de forma inadequada por seu médico pessoal, que foi condenado por homicídio culposo.

Por que o questionamento é necessário?

Narrativas que surgem repentinamente, muitos anos após os fatos e atreladas ao lançamento de livros ou produtos comerciais, devem ser recebidas com cautela e investigação. Isso não significa descartar totalmente os relatos, mas sim equilibrá-los com fontes primárias, depoimentos contemporâneos e registros documentais.

Michael Jackson foi um artista complexo, com desafios reais de saúde, mas também com uma entrega profissional intensa até seus últimos dias. Reduzi-lo a estereótipos de “gênio esgotado” sem base factual sólida é desrespeitar a verdade — e a sua arte.

📌 A MJ Beats segue comprometida em investigar, contextualizar e divulgar informações sobre a trajetória de Michael Jackson com responsabilidade e respeito.