Raymone Bain e Michael Jackson durante o julgamento de 2005

De assessora a acusadora: a traição de Raymone Bain contra Michael Jackson

Por: Paula Soares – (Falando de Maico)

Michael Jackson foi um gênio artístico, um visionário e um dos nomes mais influentes da cultura mundial. Mas por trás dos palcos iluminados e do sucesso estrondoso, havia uma constante: ele vivia cercado por pessoas que se diziam leais, mas que, em algum momento, acabavam revelando outra face. Pessoas que o abraçavam em público e o processavam em silêncio. E a história de Raymone Bain é apenas mais uma entre tantas.

Raymone Bain foi assessora de imprensa de Michael e, mais tarde, promovida a gerente geral da Michael Jackson Company. Ela esteve ao lado dele durante o difícil período do julgamento de 2005, ajudando a proteger sua imagem perante a mídia em meio ao caos. Por um tempo, parecia ser uma aliada fiel. Parecia.

Em 2007, Bain assinou um acordo recebendo cerca de US$ 489 mil como pagamento final por seus serviços. Nesse mesmo documento, ficou claro que ela renunciava a qualquer reivindicação futura contra Michael Jackson e suas empresas. Tudo parecia resolvido.

Mas dois anos depois, curiosamente em maio de 2009, apenas semanas antes da morte de Michael, Raymone Bain decidiu entrar com uma ação judicial de US$ 44 milhões contra ele. Alegava que tinha direito a 10% de comissões de projetos que ajudou a viabilizar, como o relançamento do álbum Thriller 25 e os acordos com a Sony e a AEG Live para a turnê This Is It.

A tentativa de se beneficiar financeiramente do momento de retomada de Michael não passou despercebida. Enquanto ele se preparava para um retorno triunfal aos palcos, cercado de expectativas e pressões, uma figura que deveria estar entre seus aliados escolheu o caminho do ataque.

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A Justiça, no entanto, não comprou a narrativa. Em 2010, um juiz rejeitou o processo com base no acordo que ela mesma havia assinado em 2007. Raymone ainda tentou recorrer, alegando ter descoberto uma carta supostamente escrita por Michael em 2008, na qual ele negava ter assinado o documento de quitação. Mas o Tribunal de Apelações concluiu que ela já tinha conhecimento da carta antes e não demonstrou diligência suficiente para justificar a reabertura do caso.

O episódio evidencia algo maior: Michael Jackson, ao longo da vida, foi repetidamente cercado por pessoas que viam nele não apenas um ser humano, mas um investimento. Muitos se aproximavam em busca de prestígio, influência ou dinheiro — e, quando não conseguiam o que queriam, partiam para os tribunais.

O caso de Raymone Bain é um retrato de como até mesmo os que se diziam mais próximos dele, os que sorriam ao seu lado nas fotos e se apresentavam como protetores, acabavam, em algum momento, virando as costas. Em vez de reconhecimento, gratidão ou lealdade, o que muitos ofereceram a Michael foi ingratidão e cobiça.

Michael Jackson não morreu apenas por conta de negligência médica. Ele foi aos poucos sufocado por um sistema que o via como produto, e por relações que, na superfície, eram profissionais, mas no fundo estavam contaminadas pela ambição alheia.

Em 2009, o mundo chorou sua perda. Mas poucos enxergaram que, muito antes de partir fisicamente, Michael já vinha sendo traído emocionalmente há anos. Por empresários, por executivos… e até por sua própria equipe de confiança.

Raymone Bain foi só mais um capítulo desse enredo repetido, no qual o maior artista do mundo era, muitas vezes, o mais solitário em sua própria história.