• Rei do rap?: A fusão de gêneros que definiu a Era Dangerous de Michael Jackson

    Rei do rap?: A fusão de gêneros que definiu a Era Dangerous de Michael Jackson
    Michael Jackson nunca foi apenas um artista pop. Ele era um mestre em explorar, recriar e transcender gêneros musicais. Para ele, a música não tinha fronteiras. Em suas próprias palavras, “música é música”, uma declaração simples, mas poderosa, que guiava sua abordagem artística.
    Essa filosofia o levou a experimentar sons de diversas influências, misturando ritmos e criando novas paisagens sonoras.Um exemplo emblemático dessa liberdade criativa pode ser encontrado em “Can’t Let Her Get Away“, uma faixa do icônico álbum Dangerous:
    A colaboração de Michael com o prodígio da produção Teddy Riley deu vida a uma das faixas mais dinâmicas do álbum. Riley, inspirado por seu ídolo James Brown, começou a trabalhar em “Can’t Let Her Get Away” antes mesmo de apresentá-la a Michael.

    A influência de Brown, especialmente em sua música “Blues and Pants”, é palpável no ritmo incisivo da faixa. Riley confessou que queria trazer “a sombra da grandeza” do som de James Brown para a produção, uma homenagem ao Padrinho do Soul que ele conseguiu com maestria. Utilizando sintetizadores e samplers, Riley construiu uma base instrumental que, desde o primeiro momento, transporta o ouvinte para o olho de um furacão musical.

    A introdução de “Can’t Let Her Get Away” é arrebatadora, como uma tempestade prestes a explodir. Em poucos segundos, batidas de bateria vigorosas, reminiscentes do início de “Sex Machine”, de James Brown, entram em cena, criando a espinha dorsal da faixa. Riley, como um alquimista sonoro, juntou todas essas influências, trazendo um frescor ao som de Michael que o levou ainda mais longe em sua jornada musical.

    Rei do Rap?

    O que torna essa faixa ainda mais especial é o fato de que, pela primeira vez, Michael Jackson experimentou o rap. Durante as gravações de Bad, o hip-hop ainda era um terreno inexplorado para ele, mas com Dangerous, Michael finalmente mergulhou nesse universo. Em “Can’t Let Her Get Away”, sua entrega no rap é única: fragmentada, como se sua voz estivesse sendo cortada e remixada ao ritmo da batida.

    A versão estendida da faixa, vazada em 2018, revelou ainda mais dessa faceta inédita de Michael:

  • Whatzupwitu: A parceria de Eddie Murphy e Michael Jackson

    Whatzupwitu: A parceria  de Eddie Murphy e Michael Jackson

    Em março de 1993, o mundo da música foi supreendido com uma colaboração inesperada entre dois gigantes do entretenimento: Eddie Murphy e Michael Jackson. No videoclipe de Whatzupwitu, a lenda da comédia e o Rei do Pop uniram forças para criar um projeto singular marcado por efeitos visuais inusitados.

    A direção ficou a cargo do renomado cineasta Wayne Isham em colaboração com Klasky Csupo, o estúdio de animação que ajudou a dar vida à energia caótica e vibrante do vídeo. Em meio a um fundo surreal, figuras dançantes e balões coloridos, Eddie Murphy e Michael Jackson flutuam em um universo onírico, espalhando mensagens de amor e otimismo, cercados pela alegria contagiante do Harlem Boys Choir.

    Essa colaboração nasceu de um gesto de gratidão de Michael Jackson. Meses antes, Eddie Murphy havia feito uma participação memorável no videoclipe de Remember the Time, um épico visual dirigido por John Singleton, onde Murphy interpretou um faraó.

    A estética do videoclipe, com seu visual psicodélico e colorido, não foi inicialmente recebida com entusiasmo universal. Muitos críticos estranharam a simplicidade quase infantil das animações. Contudo, o vídeo encontrou seu público entre aqueles que apreciavam sua mensagem alegre e despreocupado:

    Embora não tenha se tornado um marco na carreira de nenhum dos dois artistas, ele permanece como um testemunho visual do que pode acontecer quando grandes mentes se unem em nome da arte e da diversão. Um momento onde o Rei da Comédia e o Rei do Pop se encontraram no meio de uma explosão de cores e música, simplesmente perguntando: “Whatzupwitu?”

  • Sérgio Mendes: O Pianista da Bossa Nova que encantou Michael Jackson

    Sérgio Mendes: O Pianista da Bossa Nova que encantou Michael Jackson

    A notícia da morte de Sérgio Mendes, aos 83 anos, nesta sexta-feira (6), encerra um capítulo da música brasileira e mundial. O pianista e compositor foi um dos grandes embaixadores da Bossa Nova, levando a suavidade do ritmo brasileiro aos ouvidos de milhões ao redor do globo. Mas sua carreira foi muito além das notas e melodias; foi marcada por encontros mágicos, como o que teve com Michael Jackson, que se apaixonou pela música brasileira, especialmente pela icônica ‘‘Águas de Março’’ de Tom Jobim.

    Durante as gravações do lendário álbum Thriller, Sérgio Mendes foi apresentado a Michael Jackson por ninguém menos que Quincy Jones, o produtor por trás de muitos dos maiores sucessos do Rei do Pop. Mendes, um dos pilares da música brasileira, encontrou em Michael um admirador inesperado e profundamente conectado à sonoridade única da Bossa Nova. Jackson, sempre curioso e apaixonado pela arte, revelou ao pianista sua fascinação por ‘‘Águas de Março’’, uma canção que capturava a essência de um Brasil poético e musicalmente rico.

    Em 1984, Mendes visitou Michael em sua casa em Encino, na Califórnia. Ali, entre conversas e risos tímidos, o pianista testemunhou o lado mais íntimo do ícone pop.

    ‘Ele era uma pessoa muito tímida, mas quando falava sobre música, seus olhos brilhavam’’, recordou Mendes. Michael, que vivia em um mundo de fama e pressão, encontrava na música brasileira uma espécie de refúgio. ‘‘Águas de Março’’ era mais do que uma melodia para ele; era uma porta para uma cultura que ele admirava profundamente.

    Em 2014, durante uma entrevista no hotel Borobudur, em Jakarta, Indonésia, Mendes falou aos jornalistas sobre sua admiração por Michael Jackson e o impacto que ele teve em sua vida musical. ‘‘Ele é um gênio, uma força da natureza’’, disse Mendes. A amizade entre os dois transcendia a distância cultural, unindo-os no amor pela música. A declaração de Jackson sobre ‘‘Águas de Março’’ ecoava ainda na mente de Mendes: ‘‘Ele dizia que era uma música muito bonita, e eu via nele uma alma que entendia a profundidade da arte’’.

    Quando perguntado se algum dia faria um tributo a Michael Jackson, Mendes sorriu e respondeu: ‘‘Não por enquanto, mas essa não seria uma má ideia’’. Embora a vida tenha lhe tirado a chance de concretizar essa homenagem, a música de Sérgio Mendes e a admiração mútua entre ele e Michael Jackson permanecem como um legado imortal, uma ponte entre a Bossa Nova e o Rei do Pop, ambos eternamente unidos pelo som das ‘‘Águas de Março’’.

  • MJ the Musical: Brasil na rota do musical sobre Michael Jackson?

    MJ the Musical: Brasil na rota do musical sobre Michael Jackson?

    Michael Jackson é, inquestionavelmente, um dos maiores nomes — senão o maior — da história do pop. Lançado em novembro de 82, Thriller,   é, até hoje, o mais vendido da história (120 milhões de cópias). Conquistou nada menos que oito Grammys e produziu hits históricos, como a faixa-título, Thriller, Beat It (com o fantástico solo de guitarra de Ed Van Halen) e Billie Jean.

    Mas a carreira e a riqueza artística desse gênio vai muito além do disco que o consagrou. Por isso mesmo, a lista de obras que o homenageiam é longa e este ano ganhou um destaque especial: o espetáculo “MJ The Musical”, em cartaz na Broadway.

    Lançado em um momento simbólico – o 40º aniversário do álbum “Thriller” – o musical é um tributo monumental a esse artista incomparável. Com canções como “Bad” e “They Don’t Care About Us” ao lado de clássicos como “Thriller” e “Beat It“, a produção é uma imersão vibrante no universo criativo de Michael, que, mesmo décadas após seu auge, continua inspirando artistas e fãs ao redor do mundo.

    O musical, que deveria ter estreado em 2020, foi adiado devido à pandemia, mas finalmente chegou ao palco em um momento especial. Como era de se esperar, os ingressos esgotaram rapidamente, e o espetáculo arrecadou mais de 120 milhões de dólares. Além de ser um sucesso na Broadway, “MJ The Musical” já começou a viajar pelo mundo, com shows previstos para o Reino Unido, Alemanha e Austrália em 2025. Isso prova que a presença de Michael Jackson é tão poderosa agora quanto sempre foi, quebrando barreiras geográficas e culturais.

    E para os brasileiros, a pergunta que fica no ar é: será que veremos “MJ The Musical” em nossos palcos?

    Com o sucesso avassalador que o espetáculo já está fazendo, parece inevitável. Talvez este seja o próximo passo para trazer essa celebração do Rei do Pop para o público brasileiro, que há tanto tempo abraça sua música e legado. Se isso é um spoiler? Pode ser. Afinal, o Brasil sempre foi um território onde Michael Jackson reinou absoluto, e esse espetáculo seria, sem dúvidas, mais um capítulo glorioso na história de amor entre o Rei do Pop e o país.

  • Michael Jackson, o Mestre de sua Própria Arte

    Michael Jackson, o Mestre de sua Própria Arte
    Michael Jackson não era apenas um performer extraordinário; ele era o arquiteto de sua própria dança. Cada movimento seu ia além da mera repetição de coreografias previamente ensaiadas.

    Ele não imitava; ele criava.

    Mesmo quando trabalhava com renomados coreógrafos, a essência de sua dança vinha de um lugar muito mais profundo, quase místico. Sua dança era uma extensão de sua alma, uma expressão visceral de algo que apenas ele poderia canalizar. Como um artista que esculpe suas próprias obras, Jackson moldava cada passo com uma autenticidade inimitável, dando vida a um novo universo de movimentos.

    No palco, Michael não se limitava à repetição exata de seus movimentos icônicos. Cada apresentação trazia algo novo, uma faísca de improvisação que parecia surgir do seu interior inesgotável. Ele estava em constante fluxo criativo, como se fosse um rio que nunca corre pelo mesmo leito duas vezes.

    Mesmo nos movimentos que se tornaram sua marca registrada, havia sempre uma renovação, uma variação que desafiava a previsibilidade. Jackson dançava como se estivesse em uma conversa íntima com o próprio ritmo da vida, conduzindo o público a territórios desconhecidos.

    O que diferencia um criador de um imitador é essa capacidade de inovação contínua, essa habilidade de atualizar e renovar a própria arte. Michael Jackson, como criador de sua própria dança, tinha um domínio completo sobre sua expressão. Ele podia mergulhar em sua dança, explorar novas camadas de significado e ainda assim permanecer fiel à sua essência. Esse poder criativo é inacessível para quem apenas imita. O imitador pode reproduzir os passos, mas não pode acessar o sacramento íntimo de onde essa dança emerge.

    Michael Jackson dançava em um domínio que era exclusivamente seu.

    Assim como cada pessoa tem seu próprio corpo e lugar único no mundo, Jackson tinha sua própria dimensão criativa. Ninguém mais podia alcançar esse nível de profundidade e originalidade. Seu corpo era um instrumento sagrado, e sua dança, uma oração viva, reverenciada por milhões, mas compreendida por poucos. Ele era, em sua essência, o criador de algo que transcende o tempo e o espaço, e é por isso que sua dança permanece inigualável, mesmo décadas depois de sua criação.

    por Lubov Fadeeva, bailarina e coreógrafa russa

  • ‘Vi Voglio Bene’: Michael Jackson e a noite que entrou para a HIStória

    ‘Vi Voglio Bene’: Michael Jackson e a noite que entrou para a HIStória

    Turim, 29 de maio de 1988. A noite estava iluminada por mais do que apenas as luzes do Estádio Municipal. Era uma noite que seria eternizada na memória de milhares de fãs italianos e nas páginas da história da música. Michael Jackson, o indiscutível Rei do Pop, estava no palco, encerrando a etapa italiana da monumental “Bad World Tour“.A atmosfera estava eletrizante, como se cada batida da música pulsasse diretamente no coração de cada um dos 53.600 presentes. Quando as notas de “The Way You Make Me Feel” ecoaram pelo estádio, o público foi transportado para um lugar onde o tempo parecia parar.
    Com sua energia magnética, Michael dominava o palco, dançando com uma precisão sobrenatural. Seus movimentos fluíam de maneira quase etérea, como se ele estivesse em uma coreografia perfeita com o próprio vento. Mas não foi apenas sua presença física que marcou aquela noite. Foi o momento em que, em uma conexão íntima e genuína com seus fãs italianos, Michael disse as palavras que ressoaram profundamente: “Vi voglio bene!” Com um toque de ternura em sua voz, ele declarou seu amor pela plateia em um italiano perfeito, unindo o ídolo à multidão em uma sinfonia de emoções.

    Esse gesto simples e sincero fez o Estádio Municipal vibrar.

    O “Vi voglio bene!” de Michael Jackson não era apenas uma frase de cortesia, mas um grito de amor genuíno, de reconhecimento ao carinho inabalável que os italianos demonstraram ao longo de sua carreira. Naquele momento, não havia barreiras de idioma ou cultura, apenas a conexão pura entre um artista e seus admiradores. A frase, eternizada em vídeos, se tornou um símbolo da relação especial entre Michael e seu público, uma prova de que o amor pela música transcende todas as fronteiras.

    Aquele show em Turim não foi apenas mais uma apresentação da “Bad World Tour”. Foi um espetáculo que capturou a essência do que Michael Jackson representava: uma mistura de talento incomparável, carisma inigualável e uma capacidade única de tocar os corações de pessoas ao redor do mundo.

    Quando a última nota ecoou pelo estádio, não foi apenas o fim de um concerto, mas o encerramento de um capítulo lendário, escrito com paixão, suor e uma declaração sincera de amor. “Vi voglio bene!”

    Acompanhe trecho da apresentação de Another Part of Me durante o show da Bad World Tour em Turim:

  • O Rei do Pop contra tudo e todos: Um marco na HIStória da música em Moscou

    O Rei do Pop contra tudo e todos: Um marco na HIStória da música em Moscou

    Moscou, 15 de setembro de 1993 — Sob o céu carregado de nuvens cinzentas e uma atmosfera carregada de tensão, Michael Jackson subiu ao palco do Estádio Lužniki, pronto para enfrentar o desconhecido. O Rei do Pop, estava prestes a realizar um show histórico, mas o cenário era muito mais desafiador do que qualquer um poderia prever.

    Em uma Rússia que ainda lutava para se reconstruir após o colapso da União Soviética, Jackson encontrou uma nação dividida, uma mídia hostil e um público incerto. Porém, como sempre, ele estava destinado a transcender todas as adversidades.

    A Rússia de 1993 era um caldeirão fervente de crises econômicas e descontentamento social. A dissolução da União Soviética havia deixado um rastro de incertezas e dificuldades que afetavam todos os aspectos da vida no país. Trazer um artista ocidental como Michael Jackson para uma apresentação de grande escala parecia, para muitos, uma ideia ousada, talvez até absurda.

    A imprensa russa, ávida por sensacionalismo, rapidamente se aproveitou do evento, espalhando boatos de que o show seria encabeçado por um sósia e que o verdadeiro propósito do concerto era apenas lucrar com a venda de vodka. Essa máquina de lama quase sufocou a esperança dos promotores Marcel Avram e Samvel Gasparov, que lutavam contra o tempo para garantir o sucesso do evento.

    Com a aproximação da data, Michael Jackson se viu diante de um dilema que poucas estrelas de sua magnitude enfrentam: a possibilidade de se apresentar para uma plateia minúscula. A venda de ingressos foi prejudicada pela combinação venenosa de fake news e condições climáticas desfavoráveis. O céu de Moscou desabou em chuvas torrenciais, afastando os fãs e gerando um clima de incerteza que ameaçava o espetáculo. Era um momento crítico, onde até mesmo a confiança de Jackson vacilou. ,

    Mas, como todo gênio criativo, ele encontrou uma solução ousada e inesperada.

    Contra todas as expectativas, Michael Jackson e seus promotores tomaram uma decisão que entraria para a história: abrir os portões do Estádio Lužniki e permitir que o público entrasse gratuitamente. Era um movimento audacioso, uma aposta no poder universal da música e na força de sua presença como artista. E essa aposta se pagou. Cerca de 80.000 pessoas inundaram o estádio naquela noite, testemunhando um dos shows mais memoráveis de toda a carreira de Jackson. Contra todas as probabilidades, ele conquistou Moscou, provando que a música é uma linguagem que transcende fronteiras, crises e difamações.

    No palco, não havia sósias, apenas o verdadeiro Rei do Pop, dançando e cantando como se o mundo estivesse a seus pés — e, naquela noite, estava. Michael Jackson desafiou a tempestade literal e figurativa, emergindo vitorioso em um dos momentos mais icônicos da história da música pop. Sua música, muito mais inebriante do que qualquer vodka, ecoou nos corações de milhares de russos, criando uma memória que transcenderia o tempo e o espaço.

  • You Rock My World: Michael Jackson e os bastidores de um pesadelo

    You Rock My World: Michael Jackson e os bastidores de um pesadelo

    You Rock My World” foi um dos projetos mais desafiadores que Michael Jackson já enfrentou. Atrás das câmeras, o que deveria ser uma criação de arte se transformou em um pesadelo emocional para o Rei do Pop.

    Acompanhe o relato de Karen Faye, maquiadora e amiga pessoal de Michael por 20 anos:

    ”Você pode ter notado algo diferente em sua aparência naquele clipe. O Dr. Arnold Klein, seu dermatologista de confiança, havia aplicado Isotretinoína, um tratamento usado para acne. Porém, o efeito colateral foi severo: o rosto de Michael inchou, ficou vermelho, e, para as gravações, passamos horas tentando camuflar o estrago.

    Paul Hunter, o diretor do vídeo, me ligou. Sua proposta era perturbadora. Ele sugeriu escurecer a pele de Michael e adicionar próteses ao seu nariz. Imediatamente, perguntei se Michael havia aprovado essa mudança, mas Hunter não respondeu. O que ficou claro para mim é que, se o plano fosse revelado, o coração de Michael se partiria.

    Na manhã seguinte, ao chegar no set, Michael me confrontou sobre um molde que alguém havia feito de seu rosto. Ele não sabia de nada. Ninguém teve coragem de falar com ele sobre o que estavam planejando. Michael insistiu para que eu lhe contasse. Minha hesitação era palpável, porque eu sabia que aquilo o devastaria. Mas ele percebeu o quanto eu estava desconfortável e, determinado a descobrir, continuou a pressionar. Quando finalmente revelei o que estava acontecendo, ele explodiu. Michael se trancou no banheiro, gritando de raiva. Nunca o vi assim antes. Mesmo em meio a todas as tragédias e desafios que enfrentou, ele sempre manteve o controle. Mas naquele dia, ele estava arrasado. As filmagens foram canceladas.

    Tudo isso foi resultado de uma conspiração arquitetada por Trudy Green, sua empresária, e Paul Hunter, ambos trabalhando pelas costas de Michael para alterar sua aparência sem o seu consentimento. Hunter foi além, impondo sua própria namorada como protagonista do clipe, algo que Michael jamais permitiria. Ele sempre fazia questão de escolher suas protagonistas. Desta vez, nem isso lhe foi concedido.

    O único alívio para Michael durante essa experiência desgastante foi a companhia de Chris Tucker e Marlon Brando. Ele se divertia ao lado deles, e um momento marcante foi quando Brando, sem hesitar, soltou um sonoro “Fod*** se todos” para Paul Hunter, na frente de toda a equipe. Michael adorou aquela ousadia.

    Mas o verdadeiro motivo que impulsionou Michael a continuar foi o amor por seus fãs. Mesmo em meio a tantas adversidades, seu maior combustível era o carinho que sentia por aqueles que o acompanhavam fielmente. Essa era sua única alegria em “You Rock My World…”

  • Michael Jackson: O Brilho e a Sombra de uma Vida Incompreendida

    Michael Jackson: O Brilho e a Sombra de uma Vida Incompreendida

    Michael Jackson alcançou uma fama que ultrapassou fronteiras e gerações. Com sua música, ele tocou corações ao redor do mundo e transformou a cultura popular. Suas conquistas o elevaram ao status de lenda, mas, por trás dos aplausos, havia um homem em constante busca por algo que nem a fama, nem o sucesso, podiam oferecer: paz interior.

    Sua infância foi marcada por uma responsabilidade prematura, e essa ausência de liberdade deixou marcas que o acompanhariam por toda a vida. A dor que sentia era invisível aos olhos dos outros, mas profundamente real para ele.

    Desde pequeno, Michael não conheceu o que era ser apenas uma criança. Enquanto outras crianças brincavam, ele estava no palco, ensaiando, performando e enfrentando a pressão imensa de ser um astro. Em sua vida adulta, tentou recriar a infância que nunca teve, cercando-se de inocência e beleza, mas isso o tornou alvo de mal-entendidos e julgamentos cruéis. Foi ferido, não apenas por aqueles que o acusaram, mas também por pessoas em quem confiava. Na busca por um refúgio para sua alma, encontrou mais espinhos do que rosas.

    A mídia, que primeiro o elevou como um gênio, logo o crucificou como um monstro. Os holofotes que antes brilhavam sobre seu talento passaram a focar nas sombras de sua vida pessoal. Mesmo com todo seu brilho, Michael tornou-se o alvo de um ciclo implacável de manchetes sensacionalistas que ignoravam sua humanidade.

    Aos olhos do mundo, ele foi transformado em algo que nunca foi. Essa desconexão entre o artista e o homem o deixou sozinho em uma batalha constante contra uma maré de incompreensão.

    Michael dizia ter “pele de rinoceronte“, uma forma de suportar o peso de tantos golpes. Ele caía, mas sempre se levantava. Entretanto, por trás dessa resistência pública, havia um coração que batia silenciosamente, carregando cicatrizes que poucos podiam ver. A força que ele demonstrava era admirável, mas as feridas emocionais que a vida lhe infligiu eram profundas e contínuas. Para cada sorriso que ele oferecia ao público, havia uma lágrima que ele escondia.

    Quando foi julgado, Michael foi declarado inocente, mas a verdade jurídica não apagou a dor que ele sentia. As feridas causadas pelas falsas acusações e pela traição daqueles que ele acreditava serem seus amigos nunca se fecharam. A ferida emocional permaneceu aberta, lembrando-o constantemente de que a justiça nem sempre traz alívio para o espírito. Ele continuou em frente, mas o peso do que passou nunca o deixou completamente.

    Afinal, por que alguém que inspirava tanto amor também despertava tanto ódio? Talvez aqueles que o odiavam nunca tenham compreendido o verdadeiro sentido do amor. Michael Jackson, buscava apenas ser compreendido e amado pelo que realmente era: um homem, com todas as suas vulnerabilidades e sonhos. Mas, muitas vezes, o mundo prefere julgar do que compreender. E, assim, o homem por trás da lenda tornou-se um enigma — uma alma sensível que tocou milhões, mas que, em sua própria jornada, encontrou mais solidão do que consolo.

  • Zillion no mundo de Michael Jackson: A invasão da animação japonesa no clipe ‘Scream’

    Zillion no mundo de Michael Jackson: A invasão da animação japonesa no clipe ‘Scream’

    Em 1995, Michael Jackson surpreendeu o mundo com “Scream“, um videoclipe icônico em parceria com sua irmã Janet Jackson. O vídeo, que marcou época, foi dirigido por Mark Romanek e se destacou não apenas pela qualidade visual impecável, mas também pelo impressionante orçamento de aproximadamente US$ 7 milhões, tornando-se o videoclipe mais caro já produzido.

    Com uma estética futurista em preto e branco, “Scream” transporta os espectadores para uma nave espacial, onde os irmãos Jackson se divertem flutuando no espaço e brincando com a ausência de gravidade, em uma espécie de refúgio visualmente deslumbrante e metafórico.

    A colaboração entre Michael e Janet não foi apenas um encontro artístico de duas potências musicais, mas também um marco na história do videoclipe. Com “Scream”, eles se tornaram os primeiros artistas a incorporar animação japonesa em um vídeo exibido na MTV, algo que viria a influenciar o futuro da produção de videoclipes.

    A animação, que aparece brevemente no clipe, é um fragmento da famosa série japonesa “Akai Kõdan Zillion” (Zillion).

    A escolha de “Zillion” como referência visual em “Scream” não foi aleatória. A animação, que fez sucesso no Japão e foi transmitida no Brasil pela Rede Globo no início dos anos 90, foi originalmente criada para promover os brinquedos e jogos da SEGA icônica empresa japonesa de videogames que Michael Jackson sempre teve uma relação estreita. Essa conexão não era apenas uma parceria comercial, mas uma verdadeira colaboração criativa que se desdobrou em vários projetos ao longo dos anos, consolidando o vínculo entre o rei do pop e a indústria dos videogames.

    “Scream” não só quebrou recordes financeiros, mas também consolidou seu lugar como um dos vídeos mais inovadores de sua época. A presença de elementos da cultura japonesa não apenas homenageou a animação, mas também representou a fusão de culturas que Michael Jackson sempre buscou em sua carreira. Ele foi um artista que transcendeu fronteiras e “Scream” é a personificação dessa visão global, onde o Ocidente e o Oriente se encontram em um espetáculo visual único.